Friday, November 12, 2010

Jorge Ben - O Bidú, Silêncio no Brooklin (1967)




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Faixas:
01. Amor de carnaval
02. Nascimento de um príncipe africano
03. Jovem samba
04. Rosa mais que nada
05. Canção de uma fã
06. Menina gata Augusta
07. Toda colorida
08. Frases
09. Quanto mais te vejo
10. Vou andando
11. Sou da pesada
12. Si manda



Uma das maiores lendas urbanas da música brasileira é que Jorge Ben só vale a pena com violão. Por mais que as grandes obras-primas do compositor sejam mesmo os discos da “fase acústica”, há grandes momentos guitarreiros em sua discografia. E O Bidú – Silêncio no Brooklin, disco de 1967 cheio de guitarras elétricas, permanece até hoje com uma aura especial.

Amor de Carnaval, a canção de abertura, já adianta o que está por vir. Um irresistível baião-rock cantado com um sotaque quase paulistano bem debochado. Jorge Ben estava passando um período em Sampa e Bidú veio ao mundo com sabor totalmente paulista. As letras citam bares da Rua Augusta, mulheres modernas com roupas coloridas, chuvas pesadas e ainda dialogam com o manifesto juvenil apaixonado da Jovem Guarda, a essa altura radicada na grande metrópole do país.

Na época, Jorge Ben estava muito próximo do iê-iê-iê brasileiro. Ele costumava aparecer no programa comandado por Roberto Carlos e ainda dividia uma casa com Erasmo Carlos no bairro Brooklin. Daí vem o subtítulo Silêncio no Brooklin, frase constantemente gritada por algum vizinho que não agüentava mais os ensaios da dupla. A aproximação de Ben com o pessoal da Jovem Guarda acabou até criando um mal-estar com alguns MBPbistas radicais. O compositor carioca chegou a virar “persona non grata” no programa Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina.

Mas Ben não estava nem aí. Ele queria mesmo era fazer seu samba de guitarra e curtir a nova cidade, ao lado de sua esposa paulistana Maria Domingas (para quem dedicou vários sucessos nos discos seguintes), com seu novo carro – um Karmann-Guia apelidado de Bidú. A canção Jovem Samba explica a união do samba com a Jovem Guarda: “Eu sou da jovem samba/ a minha linha é de bamba/ o meu caso é viver bem/ com todo mundo e com você também.”

Acompanhado pelo grupo The Fevers, Bidú é um disco de um frescor pop incrível. Canções como Menina Gata Augusta (parceria com Erasmo) e Toda Colorida trazem as impressões de Ben para um novo tipo de mulher. Saía de cena a mulata carioca e entrava a paulistana moderninha. Já em Sou da Pesada, o compositor afirma em um discurso jovem-guardista ao seu modo: “Mas que nada/eu sou da pesada/…/ eu só fico triste/quando não vejo você meu amor.” No entanto, foi com Si Manda que Ben radicalizou sua poesia. A letra, cheia de gírias, berra junto com o marcante riff de guitarra: “Si manda, vai simbora/silêncio no brooklin/some, desaparece, sai da minha frente/ não quero mais você não, viu?/”. Nunca Jorge Ben soou tão agressivo.

Si Manda chamou bastante a atenção de Caetano Veloso, que estava prestes a arrombar as estruturas com a sua Tropicália. Sempre que pode, Caetano afirma que Bidú é um dos discos mais importantes de todos os tempos, chegando até a exagerar dizendo que Si Manda era tudo que ele e Gil gostariam de ter feito e não conseguiram.

Bidú acabou sendo o disco mais underground de Jorge Ben, gravado quase clandestinamente fora da gravadora Phillips, que não se interessava em lançar nada do carioca longe do violão. Apesar de não chegar perto da qualidade de clássicos como o homônimo de 1969 e A Tábua de Esmeralda, Bidú teve grande importância pois confirmou a multiplicidade musical de Ben, e ainda estreitou laços com o parcela roqueira do Brasil. Logo depois do disco, o compositor carioca presenteou os Mutantes e Os Incríveis com as sensacionais A Minha Menina e Vendedor de Bananas, respectivamente. Para a sorte de todos – menos do vizinho mala – a partir dali não haveria silêncio no Brooklin e em nenhum lugar do Brasil. Violão, guitarra, samba, rock, Jovem Guarda e Tropicália A bagunça já estava armada.


Texto de Leonardo Bomfim, publicado originalmente blog Freakium & Meio

Fazer o download de Jorge Ben - O Bidú, Silêncio no Brooklin (1967).

2 comments:

Nalva Kuhn said...

Obrigada pela preciosidade.

Paz e bem para vc

abraços

Matheus said...

ótimo disco! Como gosto de Rock n' Roll, e não sou muito do samba, nunca tinha passado nem perto de Jorge Ben, até um amigo indicar esse disco. Parabéns pelo blog!